Darwin
fez um comparativo com as espécies do arquipélago Galápagos com as espécies da
América e os resultados comprovam a analogia entre eles, o mesmo comparativo é
feito na população do arquipélago de Cabo Verde com os habitantes africanos,
obtendo-se o mesmo resultado.
Observando
o texto acima, subentende (corretamente) que estas regiões ou espécies são semelhantes
devido a uma interligação entre continentes em um tempo remoto, conhecida hoje
por “Pangea” (um único continente), tão
disseminada nos livros didáticos. Mas Darwin não acreditava nesta
possibilidade, como pode se notar no texto abaixo:
"As populações
das ilhas do arquipélago de Cabo Verde tem as mesmas analogias com os
habitantes da África, como os habitantes das Galápagos com os tipos
americanos... É evidente, pelo contrário – segundo a teoria que defendemos –
que as ilhas de Galápagos – quer em consequência de uma antiga ligação com a
terra firme (se bem que eu não partilhe
esta opinião), quer por meio de transporte casual... Mas as ilhas, embora
em frente uma das outras, são separadas por braços de mar muito profundos,
geralmente mais largos do que a Marcha,
e nada indica que fossem outrora unidos (DARWIN, 2010[1859], p. 291-293). “grifo
do autor”
Localização Cabo Verde e o continente africano. |
Localização das Ilhas de Galápagos e o continente americano. |
Observa-se no texto acima que Darwin não acreditava
nas semelhanças nestas regiões provindas de uma possível “união” de todos os
continentes (PANGEA). São ensinados em todas as escolas fundamentais e média do
Brasil que essas analogias apontadas por Darwin são decorrentes da união de
todos os continentes. Ao se separarem devido às placas tectônicas, cada espécie
ficou nas regiões correspondentes outrora ligados.
Outro texto extraído do livro “A origem das
espécies” mostra que Darwin estava convicto a respeito da não união dos
continentes.
Placas tectônicas que separaram os continentes. |
Nenhum geólogo contesta as grandes alterações de
nível que se têm produzido durante o período atual, alterações de que os
organismos vivos têm sido contemporâneos. Eduardo Forbes insistiu no fato de
todas as ilhas do Atlântico deverem ter sido, em época recente, ligadas à
Europa ou à África, da mesma forma como a Europa
estava ligada à América. Outros sábios têm igualmente lançado pontes
hipotéticas sobre todos os oceanos, e ligado
quase todas as ilhas a um continente. Se pudesse prestar-se inteira
confiança nos argumentos de Forbes, necessário seria admitir que todas as ilhas
foram recentemente ligadas a um continente. Esta hipótese corta o nó górdio da
dispersão de uma mesma espécie para os pontos mais distantes, e remove muitas
dificuldades; mas, tanto quanto o posso julgar, não creio que estejamos autorizados
a admitir que houve-se alterações geográficas tão extraordinárias nos limites
do período das espécies existentes. Parece-me
que temos numerosas provas de grandes oscilações do nível da terra e do mar,
mas não alterações bastante consideráveis na posição e na extensão dos nossos
continentes para nos dar o direito de admitir que, numa época recente, todos
tenham sido ligados entre si assim como às diversas ilhas oceânicas (DARWIN,
2010[1859], p. 268-269)." “grifo do autor”
Darwin acreditava na possível analogia entre lugares tão
distantes pelo acaso, por exemplo, encontra-se notório no livro “A origem
das espécies” no Capítulo XII “Distribuição geográfica” a partir da página 263
a 297, que os pássaros seriam os agentes responsáveis pelo transporte da
vegetação para regiões tão distantes, observa-se tal fato no texto abaixo.
"As aves
vivas não podem deixar de ser agentes muito eficazes para o transporte de
sementes. Poderia citar um grande
número de fatos que provam que as aves de diversas espécies são frequentemente
arrastadas pelas tempestades a imensas distâncias no mar. Podemos com toda
a segurança admitir que, nestas circunstâncias, devem atingir uma velocidade de
vôo cerca de 56 km por hora. (...) Poderia
também demonstrar que os cadáveres de aves, flutuando no mar, nem sempre são
imediatamente devorados; ora, um grande
número de sementes podem conservar por muito tempo a sua vitalidade no
papo das aves que flutuam; assim, as ervilhas e as ervilhacas são mortas por
alguns dias de imersão em água salgada, mas, com grande surpresa minha, algumas
destas sementes, tomadas do papo de um pombo que tinha flutuado em água salgada
durante trinta dias, germinaram quase todas (DARWIN, 2010[1859], p. 271)." “grifo
do autor”
Conclui-se que para Darwin a semelhança entre a
flora em continentes distantes é devido ao transporte de aves e nunca pela
união de todos os continentes, as aves ao se alimentarem deixam sementes
intactas no papo ou nas vísceras, de forma que quando esta chega à outra região
e morre, ou defeca, deixa semente que em contato com o solo germinam.
Para Darwin as aves também fazem essa transferência
da vegetação a regiões longínquas, através de suas patas, pois em contato com a
lama que contem sementes, estas lamas ao grudarem nas patas dos animais, são carregadas
pra qualquer lugar, e brotar em regiões muito distantes, como se pode notar no
texto abaixo.
"(...) as numerosas aves que são anualmente
arrastadas pelas tempestades a distâncias consideráveis no mar, assim como as
que emigram cada ano, os milhões de codornizes que atravessam o Mediterrâneo,
por exemplo, devem ocasionalmente transportar algumas sementes escondidas na
lama que lhes adere ao bico e às patas... Ora, as aves desta ordem são
geralmente grandes viajantes e encontram-se por vezes até nas ilhas mais
distantes e mais estéreis, situadas em pleno oceano. É pouco provável que
pousem na superfície do mar, de modo que a lama aderente às patas não sofre o
risco de ser tirada (DARWIN, 2010[1859], p.263-297)."
Referências bibliográficas.
DARWIN, C. A Origem
das Espécies. Porto: Lello & Irmão, tradução de Joaquim da
Mesquita Paul. 2003. 572p.
DARWIN, C. A Origem
das Espécies. São Paulo: Folha de São Paulo, 1ª Ed, tradução do Eduardo Nunes
Fonseca. 2010. 368p.
Gostaria de saber mais sobre isso, pois não acredito em Pangea e fica difícil defender a minha descrença. Obrigado
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