Em um eclipse em Marte, cientistas do Instituto de Geofísica da ETH Zurique, Suíça, notaram algo estranho.
O fenômeno ocorreu quando uma das duas luas de Marte, a Fobos tampou o Sol. Fobos se move em órbita de Marte de forma muito rápida. Ele gira em torno do planeta três vezes a cada dia marciano. Um astronauta por lá veria Fobos cruzar o céu a cada 5 horas.
Por isso, um eclipse solar marciano é extremamente rápido. Dura cerca de 30 segundos, em comparação com os vários minutos de duração de um eclipse solar na Terra.
“Quando a Terra passa por um eclipse solar, os instrumentos podem detectar um declínio na temperatura e rajadas de vento rápidas, à medida que a atmosfera esfria em um determinado lugar e o ar foge daquele local”, diz Simon Stähler, sismólogo do Instituto de Geofísica ETH Zurique em um comunicado.
Mas em Marte é diferente. A Insight não detectou nenhuma mudança atmosférica em Marte durante os eclipses, seja quanto aos ventos, seja quanto à temperatura no planeta vermelho.
Este objeto no chão, ao lado do lander, é o sismógrafo. (Imagem: NASA/JPL).
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Estudando as peculiaridades
Para saber que naquele momento houve um eclipse, o que foi percebido, na verdade, foi a diferença na quantidade de luz recebida, entretanto. A placas solares equipadas no lander Insight que detectaram.
“Quando Phobos está em frente ao sol, menos luz solar atinge as células solares e estas, por sua vez, produzem menos eletricidade”, explica Stähler no comunicado da ETH Zurique. Houve uma queda de 30% na quantidade de luz recebida.
“Mas não esperávamos essa leitura do sismômetro; é um sinal incomum”, diz Stähler. A função principal do sismógrafo, assim como na Terra, é detectar terremotos, assim como outros tipos de tremores.
“Essa inclinação é incrivelmente pequena”, explica Stähler. “Imagine uma moeda de 5 francos; agora, empurre dois átomos de prata sob uma borda. É dessa inclinação que estamos falando:
E nada tem a ver com a gravidade de Fobos, no entanto. “A explicação mais óbvia seria a gravidade de Fobos, semelhante a como a lua da Terra causa as marés, mas rapidamente descartamos isso”.
Entretanto, os cientistas descobriram que ocorre algo muito mais interessante. Quando a Lua tapa o Sol, esses breves 30 segundos são suficientes para que o solo esfrie um pouco.
No entanto, o solo não é totalmente igual. Há variações em formato e composição, por exemplo. Portanto, ele resfria de forma desigual. Isso faz com que o terreno abaixo do sismógrafo seja deformado, em relação à posição anterior.
E foi, portanto, simplesmente isso que causou essa estranha detecção durante o eclipse solar marciano. É um fenômeno que já causou alguns mal entendidos também aqui na Terra.
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(Imagem: NASA / JPL-Caltech)
Fonte: Miranda, Felipe. Um fenômeno estranho ocorreu durante o eclipse solar marciano. Disponível em: https://socientifica.com.br/um-fenomeno-estranho-ocorreu-durante-o-eclipse-solar-marciano/ Acesso em: 09 de setembro de 2020.
O estudo foi publicado no periódico Geophysical Research Letters. Com informações de Science Alert e ETH Zurich.
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