Publicado: Prof: Edvan Bandeira.
A
expressão “Seleção Natural” já era de uso comum
na época de Darwin. Meses antes a publicação do livro, em uma carta a Charles Lyell no dia 30 de
março de 1859. Darwin escreve: “A razão de eu gostar desse termo é que
ele é constantemente
utilizado em todos os trabalhos sobre a Criação...” “Também lamento o termo Seleção Natural,
mas espero conserva-lo como uma explicação mais ou menos assim: Através da
Seleção Natural ou preservação das raças favorecidas. (Carta - Darwin para Lyell. Trad. Vera. 1998, p. 289).
O que
torna a “Seleção Natural” exclusivamente de Darwin é no sentido que ele
atribui: “preservação das raças favorecidas”, que remete ao lema “sobrevivência
do mais apto.” O ambiente seleciona indivíduos mais adaptados a uma determinada condição
ecológica e ao mesmo tempo elimina aqueles animais que não conseguem se
ambientar a estas condições. Ou seja, o animal que melhor se adaptar a uma
determinada região, levará vantagens sobre as demais, e assim deixando um
número maior de sobreviventes.
A teoria é adotada pelos
cientistas contemporâneos como a teoria mais viável na justificação de que os
seres vivos possam sobreviver ao longo do tempo, em detrimento de outros.
Em seu livro, Darwin destaca que na
teoria da “sobrevivência do mais apto” ou “Seleção Natural” uma espécie não pode existir
exclusivamente para oferecer vantagens à outra, se isso ocorrer, a teoria não
poderia ser verdadeira. Como se pode observar no texto abaixo.
KROPOTKIN, Piotr Alekseievitch. Mutual
Aid : a Factor of Evolution. Heinemann, Londres, 1902. Ajuda mútua: um fator de
evolução. São Sebastião, A Senhora Editora, 2009.
“Se alguém provasse que uma parte qualquer da conformação de uma
dada espécie foi formada com o fito exclusivo de oferecer algumas vantagens à
outra espécie, seria a ruína da minha teoria, estas partes, com efeito,
não poderiam ser produzidas pela seleção natural.” (Darwin, C. 2010. Pág.
147)
Segundo Darwin, uma espécie
não se modifica exclusivamente para oferecer vantagens a outras espécies, se
tal processo ocorresse, à teoria da seleção natural não seria válida. A julgar
que, a teoria se resume em espécies mais aptas sobressaindo os mais fracos e os
eliminando.
Há exemplos na natureza de
espécies que se alto beneficiam através de outra, como se pode observar no
mutualismo (interação entre duas espécies que se beneficiam reciprocamente).
Os liquens são seres vivos,
constituem uma simbiose formada por fungos e algas. Nesta interação ecológica
interespecífica (espécies diferentes) harmoniosa, há vantagens recíprocas para
as espécies. A associação é permanente dependente, onde os indivíduos não
sobrevivem separados.
Os fungos são responsáveis
por absorção de água e sais minerais, enquanto as algas são encarregadas para
realizar a fotossíntese.
O primeiro a abordar o argumento da ajuda
mútua como principal fator de evolução foi o zoólogo russo Karl Fiódorovich
Kessler (1815 – 1881), reitor da universidade de São Petersburgo, em uma
palestra proferida em 1880 para naturalistas.
Kessler afirmava a existência da luta pela sobrevivência, mas a negava como o
motor da evolução das espécies. Como relatou Kropotkin (1842 - 1921) no livro “Mutualismo: Um
Fator de Evolução” publicado
em 1902.
“É óbvio que não nego a luta pela
sobrevivência, mas sustento que o desenvolvimento progressivo do reino animal,
e principalmente da humanidade, é muito mais favorecido pela ajuda mútua do que
pela luta de todos contra todos. [...] Todos os seres vivos têm duas
necessidades essenciais: a nutrição e a propagação da espécie. A primeira
leva-os à guerra e ao extermínio mútuo, ao passo que a segunda faz com que se
aproximem e se apoiem mutuamente. Mas estou inclinado a pensar que, na evolução
do mundo orgânico – na modificação progressiva dos seres orgânicos –, a ajuda
mútua desempenha um papel muito mais importante do que a luta entre
indivíduos.” (KROPOTKIN, 2009, pg. 38)
Para
Kropotkin a ajuda mútua é a regra em muitas das grandes divisões do reino animal.
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Detalhes do produto
- Paperback: 136 páginas
- Editora: Schoba (26 de julho de 2019)
- Idioma: Portuguese
- ISBN-10: 8580135257
- ISBN-13: 978-8580135251
- Dimensões do produto: 13,3 x 0,9 x 20,3 cm
Referência Bibliográfica.
As Cartas de
Charles Darwin: uma seleta, 1825-1859.” Tradução: Vera Ribeiro. Editadas por
Frederick Burkhardt.Editora Unesp. São Paulo, 1998, p. 289;
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