Francis Galton |
Esta teoria foi desenvolvida pelo
primo do Darwin, o inglês Francis Galton (1822-1911), em 1860 durante uma forte
crise nervosa, Galton encontrou consolo ao ler a obra “A origem das espécies”. A seleção natural que se encontra no livro o
inspirou a desenvolver uma teoria no estudo do ser humano e de suas
potencialidades físicas e intelectuais. Uma forma de aperfeiçoar a espécie
humana. Para a construção de sua teoria, Galton também utilizou os conhecimentos
de Malthus e Lamarck. Francis Galton definiu a eugenia da seguinte maneira.
A
eugenia pode ser definida como a ciência que trata daquelas agências sociais
que influenciam, mental ou fisicamente, as qualidades raciais das futuras gerações
(Galton, 1906, Pág. 3).
Livro: "Origem das espécies" Darwin. |
Galton pretendeu estender as
implicações da teoria “seleção natural”, acrescentando traços comportamentais, habilidades
intelectuais, poéticas e artísticas, pois para ele estas características também
seriam transmitidas dos pais aos filhos, não somente aquelas apresentadas por
Darwin.
Segundo Galton, tanto as características
fisiológicas quanto os talentos, não poderiam ser apenas uma bela coincidência
ou obra do acaso, mas sim a evidência de uma regularidade natural ou biológica.
Anos mais tarde ele reuniu todo o
seu material em uma obra intitulada “Hereditary genius” ( génio hereditário)
1869.
A
polêmica da eugenia.
Um grande equívoco desta teoria é classificar
os homens em melhores ou piores, superiores ou inferiores. Determinado o tipo
ideal para a transmissão hereditária, ou seja, indicando o caminho para a
transmissão das características desejadas às gerações seguintes.
Os defensores da eugenia na Inglaterra
passaram a ver as classes pobres como ameaças à ordem vigente, devendo a sua procriação
ser regulada. A eugenia alcançou o status de movimento mundial em torno da boa
procriação e o Brasil não ficou fora deste discurso, tendo muitos adeptos nas
décadas de 20, 30 e 40. Um dos principais canais de expressão da eugenia foi a
Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM), no Rio de Janeiro, agregando muitos
dos geneticistas, psiquiatras, médicos, políticos e intelectuais mais
reconhecidos da época.
A (LBHM) procurava-se justificar
cientificamente a necessidade de medidas eugenistas coletivas em prol da
construção de uma nação brasileira forte e saudável. A eugenia era considerada
a chave magna da regeneração humana, estando os seus desígnios relacionados ao
“estudo e aplicação das questões da hereditariedade, descendência e evolução,
bem como as questões relativas às influencias dos meio econômicos e sociais.”(Kehl
R 1929. Pág.1)
O ápice da eugenia foi com os
nazistas, com o objetivo de eliminar da sociedade qualquer tipo de pessoa que
apresentasse alguma deficiência mental ou física, bem como aperfeiçoar
geneticamente uma geração perfeita de homens e mulheres, adequando à raça
ariana.
Durante a década de 30, uma série de exames antropométricos foram realizados na Alemanha nazista para catalogar características físicas da população. O célebre eugenista Otmar von Verschuer em ação |
Para “purificar” a sociedade germânica, a eliminação
daqueles “seres indesejáveis” seria necessário, inclusive aqueles que viviam em
asilos, hospícios e até mesmo crianças deficientes. Como relata o historiador Philippe Burrin em seu livro “Hitler e os Judeus.”
Hitler
e a sua “elite eugenista” faziam os experimentos para a sua “solução final”.
Diz Burrin:
“[...] Solicitado por um casal que lhe pedia para autorizar a morte
do filho incurável, Hitler respondeu favoravelmente. Decidiu então que o mesmo
destino seria imposto sem apelação a todos os recém-nascidos portadores de
deformações ou anormais. No dia 18 de agosto de 1939, uma circular do
Ministério do Interior obrigava os médicos e parteiras do Reich a declarar as
crianças que sofriam de uma deformidade. Reunidos em seções especiais, elas
foram mortas pela injeção de drogas ou pela fome.” (BURRIN, Philippe. 1990.
p. 68).
Em outro trecho do livro, Burrin
destaca a decisão de aplicar o método eugenista, que era cinicamente tratado
pelos nazistas como “eutanásia”, a doentes mentais. Descreve o autor:
“No início do outono de 1939, Hitler decidiu pôr fim também à
'existência indigna de ser vivida dos doentes mentais'. Uma ordem
correspondente foi dada inicialmente de forma verbal, depois, no decorrer do
mês de outubro, por meio de uma carta cuja data foi antecipada para 1° de
setembro de 1939. Hitler não confiou a direção desta operação, impropriamente
qualificada de “eutanásia”, a Himmler, mas a uma de suas secretárias, a
chancelaria do Führer, cuja tarefa consistia em princípio em receber as
solicitações particulares.” (BURRIN, Philippe. 1990. p. 68-69).
Os oficiais de Hitler passaram a
desenvolver mecanismos sigilosos de aplicação da eugenia, desde a elaboração de
listas de pacientes esquizofrênicos, epilépticos, paralíticos e psicopatas até
a criação de uma empresa destinada a transportar as pessoas dos hospitais para
os centros de eutanásia, onde seriam mortas por gás tóxico. Continua Burrin:
“[...] Depois de algumas experiências, foi estabelecido um
procedimento uniforme, que consistia em mandar que as vítimas se despissem ou
despi-las e levá-las numa sala com falsas duchas onde elas seriam asfixiadas
por monóxido de carbono. Os cadáveres eram queimados num forno crematório,
depois que lhes eram arrancados todos os dentes de ouro. Um atestado de óbito
era enviado às famílias após um processo de complicada camuflagem, a fim de
evitar o anúncio simultâneo de inúmeros decessos numa mesma localidade. Em
pouco menos de dois anos, a empresa fez mais de 70 mil vítimas.” (BURRIN, Philippe. 1990.
p. 69).
Na
mesma época em que praticavam essas atrocidades, Hitler e seu alto escalão de
oficiais também preparavam o isolamento e o extermínio de judeus, ciganos,
poloneses e outros tipos de pessoas que julgavam inferiores ou, de algum modo,
nocivas. Ao fim da guerra, em 1945, seis milhões de pessoas haviam sido mortas
nos campos de concentração.
A
eugenia pode ser dividida em dois grupos, a eugenia positiva e a negativa.
Resumidamente
a “eugenia positiva” seria a troca de material genético entre indivíduos de
linhagem “superior.” Por exemplo: o casamento somente entre indivíduos da raça
ariana como propôs Hitler.
“Eugenia
negativa” seria a eliminação dos indivíduos considerados inválidos através da
eutanásia, do aborto etc.
Galton
utilizou o termo eugenia para expressar a preocupação com a saúde das futuras
gerações, mas com o decorrer da história, este termo se desvirtuou e lhe permitiu associar o novo termo à ideia
de diferenciação dos seres humanos em raças distintas para determinar um ideal
de tipo físico ou raça a ser alcançado pela eugenia.
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Detalhes do produto
- Paperback: 136 páginas
- Editora: Schoba (26 de julho de 2019)
- Idioma: Portuguese
- ISBN-10: 8580135257
- ISBN-13: 978-8580135251
- Dimensões do produto: 13,3 x 0,9 x 20,3 cm
Bibliogragia
BLACK, E. A guerra contra os fracos. Tradução T.
Magalhães. São Paulo: A Girafa, 2003.
BURRIN,
Philippe. Hitler e os Judeus – Gênese de um genocídio. (trad. Ana Maria Capovilla). Porto
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COUTO, R.C.C de M. Eugenia, loucura e condição feminina.
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